À saída do bar encontro uma rapariga que conheço. Pergunto-lhe, por delicadeza, se quer que a leve a casa de táxi. Ela faz-me notar que estamos na cidade dela, que tinha trazido o carro, que se eu quisesse seria ela a levar-me ao hotel. A caminho do carro, no meio de uma rua estreita cruzada constantemente por gente, agarramo-nos com força e beijamo-nos. Tão doce o beijo. Digo-lhe que quero que venha comigo para o hotel e ela responde: “Que excitação dormir num hotel na minha cidade”. Eu não tinha pensado em dormir, mas não me atrapalho e digo para a fazer sorrir: “Caso no percurso ainda me esqueça fica a saber que o quarto é o 311”. E vejo-a sorrir. Durante a noite, no meio do mais poderoso sexo – tão doces os beijos – ela repete várias vezes, como um refrão de uma cantiga, que não fui feito para escrever, mas sim para aquilo. Sinto-me entre o lisonjeado e o ofendido.
Cala a minha boca com a tua - Pedro Paixão